Actividades apostólicas dos jovens durante o Verão
Missão Cabo Esperança
Helena WemansÉ para mim uma alegria poder contar-vos um pouco do que foi a minha experiência em Cabo Verde. Fui em missão com o grupo de jovens e com o padre da paróquia do Seixal, o padre Marco Luís, para a ilha de Santiago.
Aquilo que nos foi pedido foi uma coisa simples: estar com as pessoas. Ao princípio pensei que isso não era realmente o mais importante num país onde a pobreza espreita a cada esquina. Pensei que seria mais enriquecedor pintar uma igreja, construir qualquer coisa, ajudar em qualquer coisa concreta e mais visível aos meus olhos. Mas à medida que o tempo foi passando apercebi-me que isso era sem dúvida um ponto secundário.
Na primeira semana passámos por várias paróquias sempre acompanhados pelo Frei Andrade, o padre de lá. Em cada paróquia participávamos na missa com as pessoas. As igrejas (ou o que servia de igreja), estavam sempre cheias de gente com uma Fé tão acesa que várias vezes me senti muito pequenina ao seu lado! No final da missa havia sempre uma grande festa onde tínhamos oportunidade de conviver, animar um pouco com músicas nossas, enculturarmo-nos nas danças tradicionais... Enfim, de partilharmos também a nossa alegria em podermos estar ali presentes.
Visitámos algumas famílias. Quando entrávamos nas casas estava tudo pronto para nós: tudo limpo, arrumado e mesa posta. Mesmo tendo pouco ofereciam-nos tudo com um sorriso na cara e uma alegria imensa por nos poderem receber. Esta alegria que tinham é impossível de descrever por ser tão grande e sincera. Para mim foi a alegria de Jesus Vivo nas suas vidas.
Na segunda semana fomos para a outra ponta da ilha, para o Tarrafal. Ficámos sempre na mesma paróquia o que nos permitiu ter uma relação mais próxima com as pessoas. Receberam-nos com igual simpatia e entusiasmo. Quase todas conheciam Portugal o que facilitou em muito as conversações. Chegámos mesmo a encontrar um senhor que conhecia o pai de um dos jovens do grupo!
No Tarrafal levantávamo-nos todos os dias às 6 da manhã para assistirmos às laudes seguidas de missa às 7 horas. Pensava eu que a essa hora “disparatada” da manhã não estaria ninguém na igreja. Qual não é o meu espanto quando passo a porta e a encontro cheia. Se calhar tão cheia como uma missa de Domingo em Sintra... Foram estes pequenos “choques” que me fizeram perceber que realmente o importante é Jesus, e que para nos encontrarmos com Ele não pode haver horas ou restrições. Temos que estar permanentemente disponíveis e alerta para o que Ele quiser.
Tivemos também vários encontros com grupos de jovens. Alguns grupos com mais de 30 anos e todos eles com pelo menos 30 jovens. “Um exemplo a seguir!” pensei eu. Mas logo depois pensei: “pois... Mas se não fizer a minha parte, nunca vou ver em Sintra um grupo com a vitalidade dos que vejo aqui...”. Conhecemos realmente grupos com verdadeira vontade de crescer na Fé e de transmiti-la ao mundo inteiro.
Aquilo que vivi em Cabo Verde foi sem dúvida inesquecível. Tento viver aqui aquilo que vivi lá, para que não se perca nenhuma das sementes que Jesus semeou em mim enquanto lá estive. Agora estou em Sintra, mas parte do meu coração ficou por terras de Santiago. Custa-me não ter a certeza se dia 14 foi a última vez que vi aquela estrada, aquelas pessoas, o Frei... Espero voltar um dia para ir buscá-la e preencher o vazio e a saudade que já sinto.
Missão na Guiné-Bissau
Teresa WemansPassei o mês de Agosto em Empada, na Guiné-Bissau, numa missão de voluntariado dos Missionários da Consolata. Fui com um grupo de mais 8 pessoas e desenvolvemos projectos na área da saúde (na farmácia, centro nutricional e hospital da comunidade), do desporto e da educação. Eu estive a ensinar português aos alunos finalistas do 12º ano e também a alguns professores. Foi uma experiência incrivel. Aprendi muito com as pessoas que conheci e deixei lá amigos que nunca esquecerei. Espero conseguir ajudar mais jovens a fazer uma experiência de voluntariado como esta. Foi algo que mudou muito a minha maneira de ver o mundo e como ainda há tanto para fazer!
Peregrinação a Taizé
Rita Goja
Sem saber bem para o que ia, porque Deus ainda é uma novidade na minha vida, peguei na mochila e aventurei-me com os jovens de Sintra na viagem a Taizé.
Num primeiro impacto questionei-me imediatamente: "Como é que no meio da confusão de quatro mil pessoas vindas dos quatro cantos da terra vou encontrar paz e respeito?" "Como é que vou encontrar Deus se o que eu preciso para tal é silêncio e sossego?"
Como eu estava enganada!
Taizé também ofereceu oportunidades de silêncio e de reflexão pessoal. Excelentes momentos para dar voltas à montanha russa e acrescentar mais curvas pois a intensidade não permitiu limpar mas simplesmente levantar o pó.
Mas na minha experiência em Taizé estes momentos não foram o segredo do meu encontro com Deus.
Comunicar com os outros não me é simples e representava o maior desafio que tinha para enfrentar durante a semana. Cheguei mesmo a acreditar que iria passar uma semana inteira em silêncio, para dificultar teria de falar noutra língua.
Mais uma vez eu estava enganada!
Fossem quais fossem as diferenças culturais, as experiências de vida, o aspecto físico ou até mesmo outras, todos nós falávamos a mesma língua. Não me refiro a uma língua de comunicação verbal mas sim aquela que vem do coração e que partilha de uma crença comum de princípios e valores. Aquela crença que quebra barreiras e que olha para o outro como um igual que merece respeito no seu todo e que inclusive pela sua diferença desperta a curiosidade de o explorar e de o conhecer melhor. Disse alguém "We shouldn't talk about people, we should talk with people".
No fim das contas ao invés de encontrar Deus na paz do silêncio encontrei-o na confusão de quatro mil pessoas.
Às vezes tenho um pensamento triste em que o mundo se torna num espaço mau e dou por mim à procura de um pequeno lugar onde haja paz e alegria. Em Taizé encontrei um pequeno lugar em que pela primeira vez me senti bem na relação com os outros, com Deus e comigo mesma. Um lugar em que o julgamento salta fora e desabrocha a tolerância, a aceitação e o respeito. Um lugar em que é sentida a presença constante de Deus. Um lugar que dá sentido à vida em comunidade, que dá relevo à Regra de Ouro (Mt 7,12). Um lugar que, sem dinheiro, me permitiu regressar a Sintra mais rica.
"Taizé is a piece of Heaven!"
Catarina Hilário
Foi no passado dia 1 de Agosto, que alguns jovens da Unidade Pastoral de Sintra (UPS), acompanhados pelo Pe. Armindo e alguns animadores, se juntaram em frente à Vila Alda para iniciar viagem rumo a Taizé, uma aldeia comunitária francesa, centrada na oração, e na vida de serviço.
Esta foi para a maioria dos jovens, a sua primeira experiência em Taizé, mas não me compete a mim falar por eles. Tendo sido a minha terceira vez, a vida nesta comunidade já me era familiar. Os pequenos-almoços deliciosos e as refeições talvez não tão saborosas; os trabalhos e o convívio com outras culturas e vivências; as orações, tão essenciais em Taizé, e aquele silêncio tão profundo, que nos inunda e aproxima tão intimamente de Deus… Tudo isto já me era familiar, mas ainda assim sabia que desta vez seria diferente.
Aprendi que é impossível ir a Taizé e vir com as mesmas histórias e a mesma vivência. De cada vez que lá vou, conheço pessoas novas, com novos testemunhos, que só vêm fortalecer a minha fé. Os amigos que reencontro trazem novas histórias para partilhar… O silêncio é vivido de forma diferente. As músicas são sentidas com outra força. E isto é só dentro da vida na aldeia. Mas ao contrário do que se diz de tantos outros sítios, o que acontece em Taizé, não é suposto ficar em Taizé. Devemos pegar naquilo que de lá recebemos, e levá-lo para casa, para o mundo.
Se cada um de nós olhasse agora para trás, para o momento em que tirámos aquela primeira fotografia no dia 1 de Agosto, em frente à Vila Alda, conseguiríamos distinguir claramente os 3 grupos de jovens que se reuniram nesse dia: ICHTUS, DIA e Ao Leme. Três grupos de jovens, da mesma UP e que, existindo em simultâneo desde 2013, ainda eram perfeitos estranhos entre si. A verdade é que, comparando a fotografia da partida e a fotografia da chegada, a união que então nasceu entre os grupos, é tão visível que quase se torna palpável.
É esta uma das maravilhas de Taizé: fazer de estranhos, amigos, unindo-os com este amor de Deus, formando um só corpo, que é a Igreja de Cristo.