Jubileu da Misericórdia - Abril
Misericordiosos como o pai - Reflexão para o mês de Abril
Obra de Misericórdia Corporal: "Enterrar os mortos"
“E mandou fazer uma colecta…para que se oferecesse um sacrifício pelo pecado, agindo digna e santamente ao pensar na ressurreição” (2Mac 12,43) “Era este um pensamento santo e piedoso” (2Mac 12,45b) De facto o belo gesto de dar sepultura aos mortos vem de muitos séculos antes do cristianismo e começou por um reconhecimento da pessoa. Os nossos queridos mortos são aqueles que mereceram o nosso respeito e consideração pelo bem que fizeram. E há tantos que, anonimamente gastaram a vida em favor dos mais pequenos e pobres da sociedade! Que contribuíram para o bem-estar e progresso dos povos…Todos lhes devemos estar gratos! Por isso não os podemos esquecer! Recordá-los junto de Deus é o maior tributo que lhes podemos dar. |
Obra de Misericórdia Espiritual: "Consolar os tristes/aflitos"
A consolação tem os seus tempos. Temos de nos despojar das formas de posse, de renunciar às respostas salvíficas, à ilusão de possuir consolação. Além disso, aquele que se faz próximo de quem está triste nunca poderá substituí-lo. A consolação não é uma intervenção mágica. Trata-se de entrar, na situação do outro, ou melhor, de estar ao lado do outro e de mostrar empatia comunicando-lhe o nosso sentimento. Muitas vezes, não há quem console. Na Bíblia repete-se com frequência esta lamentação: «Esperava alguém que me consolasse, mas não encontrei» (Salmo 69, 21), ou esta amarga constatação: «Vede as lágrimas dos oprimidos: eles não têm consolador.» (Ecl 4,1). Há o falar ao coração que designa o gesto amoroso e afectuoso de quem apoia a cabeça sobre o peito da pessoa amada e lhe dirige palavras que pretendem atingi-la profundamente, no coração. Trata-se de uma comunicação íntima e pessoal. O próprio Deus é o verdadeiro sujeito da consolação, e a sua acção de consolador é descrita recorrendo às imagens de uma mãe (cf. Isaías 66, 13) e de um pastor (cf. Isaías 40, 11). A consolação revela-se como elemento essencial do cuidado que Deus tem pelo seu povo e pelas suas criaturas, cuidado esse que tende para a plenitude de vida do seu povo. É significativo que a imagem talvez mais comovente, que exprime a salvação escatológica, seja a de Deus que enxuga as lágrimas dos olhos das criaturas (Apocalipse 7, 17; 21, 4) |
Parábola: “Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte…” (Lc 15, 4-7)
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S. Camilo de Lélis (1550-1614)
Camilo de Lélis nasce em Bucchianico a 25 de Maio do Ano Santo de 1550. Nasceu quando a mãe, de idade avançada, já não esperava ter um filho. Perde a mãe antes dos catorze anos; aos dezassete segue o pai para Veneza. O pai morre durante uma paragem nas Marcas e aparece no pé direito de Camilo uma misteriosa chaga da qual nunca se curará. Abandona a carreira militar. A chaga atormenta-o e resolve ir a Roma, recolhendo-se ao Hospital de S. Tiago onde vai prestando alguns serviços remunerados que gasta no jogo. Perde todo o património familiar. Por causa do jogo vê-se reduzido à condição de mendigo. Após tantas contrariedades, com séria reflexão, toma o hábito dos Capuchinhos. Mas no fim do noviciado é rejeitado por causa da chaga no pé direito. Esta experiência nos Capuchinhos vai marcá-lo espiritualmente. Ele próprio marca a data da sua conversão a 2 de Fevereiro, Festa da Purificação de Nossa Senhora. Volta à vida religiosa em 1579, mas a chaga vai obrigá-lo a recorrer ao Hospital de S. Tiago pela terceira vez. Transforma-se de doente em agente voluntário de saúde, preparando a sua instituição religiosa que veio a fundar em 1584, aprovada por Sisto V, a 18 de Maio de 1586, com a designação de Congregação dos Clérigos Regulares “Ministros dos Enfermos”. Nos nove anos que passou no Hospital de S. Tiago, foi doente, servo, enfermeiro, e mordomo. Foi ordenado sacerdote a 26 de Maio de 1584, em S. João de Latrão. Perante tantas dificuldades criadas à sua comunidade pensou desistir, valendo-lhe a ajuda preciosa do irmão Pedro Soriano, dos irmãos de S. João de Deus que sustentou Camilo, levando-o a resistir às provações e a responder à missão a que Deus o havia chamado. Camilo morreu em 1614. Foi beatificado em 1642 e, quatro anos mais tarde, canonizado por Bento XIV. |
Diácono Joaquim G. Craveiro (Comissão da Unidade Pastoral de Sintra para o Jubileu da Misericórdia)